A presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Wilma Lelis, afirmou que é preciso organizar uma rede de atenção que permita às crianças terem acesso ao oftalmologista, pontuando que o direito de acesso à saúde está posto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e em diversas outras leis. Porém, lembrou, que falta estruturar esse caminho. O posicionamento marcou o I Fórum da Câmara Técnica de Oftalmologia, organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que aconteceu na quarta-feira (8), na sede da autarquia, em Brasília (DF).
Wilma Lelis apresentou dados que indicam que apenas 60% dos recém-nascidos no Brasil realizam o Teste do Olhinho na maternidade e que a cegueira também está relacionada à condição financeira da população. “A população mais pobre também é a mais cega”, afirmou. Segundo ressaltou, há dados que mostram que o acesso ao sistema de atendimento oftalmológico se dá pela porta errada, com o encaminhamento de crianças para grandes centros quando unidades capacitadas em municípios próximos às suas residências. “É preciso estruturar uma rede e a jornada do paciente é extremamente relevante”, pontuou.
Primeira infância - Coordenado pela conselheira federal Maria Teresa Renó, o I Fórum da Câmara Técnica de Oftalmologia reuniu especialistas brasileiros referências em oftalmologia pediátrica. “Temos muito a agradecer ao CFM, especialmente ao presidente José Hiran Gallo, que foi o grande incentivador deste evento realizado no Conselho Federal e aborda questões relacionadas a um público muito especial e delicado, que são as crianças na primeira infância”, destacou.
O I Fórum contou com uma forte participação do CBO. Além de Wilma Lelis, acompanharam asa atividades outros diretores da entidade: Newton Andrade Júnior (vice-presidente), Maria Auxiliadora Frazão (secretária-geral) e Frederico Pena (tesoureiro). Durante as exposições, o oftalmologista e deputado federal Eduardo Velloso falou sobre os riscos trazidos pela precarização da assistência aos vulneráveis, pontuando a dificuldade de acesso à assistência oftalmológica pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Ele destacou a importância de orientar pais, cuidadores e comunidades sobre a saúde ocular das crianças e de se estabelecer parcerias nos municípios para aumentar a prevenção de doenças e agravamentos. “Para cada real investido na primeira infância, iremos economizar de sete a oito reais no futuro”, afirmou o parlamentar.
Proteção visual - Por sua vez, o professor Marcos Ávila afirmou que é preciso avançar na proteção visual da criança. “É preciso criar no SUS um código específico para consulta especializada com crianças. Essa adequação vai ajustar a fila de regulação e proteger a vulnerabilidade da primeira infância”, disse, sendo a proposta que foi muito bem recebida pelos especialistas presentes.
De modo complementar o deputado Eduardo Velloso afirmou que “de 30 a 40% das consultas do Sistema Único de Saúde (SUS) não têm finalidade efetiva de saúde”. Na sua avaliação, são encaminhamentos e poderiam ser feitos através de uma triagem médica, sem a necessidade de entrar em fila de consulta. Na sequência, sugeriu trabalhar a proposta do professor Marcos Ávila, por meio do Programa Saúde na Escola.
Ações estratégicas - Os debates subsidiaram uma carta com um conjunto de propostas a serem encaminhadas às autoridades e outros segmentos envolvidos na assistência oftalmológica para a população pediátrica. O texto contará com o apoio das entidades signatárias, como o CBO e o CFM. A partir de sua divulgação, os pontos elencados ajudarão no encaminhamento de pleitos e definição de ações estratégicas sobre o tema.
“Como presidente do Conselho Federal de Medicina, eu sei quais são as necessidades dos oftalmologistas, recebo as demandas da categoria. Acompanho de perto os desafios dessa especialidade porque meu filho é oftalmologista. Sou sensível à causa e me comprometo a agir para garantir que esses profissionais tenham condições de trabalhar com tranquilidade, fazendo sempre o melhor pelos pacientes”, disse José Hiran Gallo.
Além dos diretores do CBO, do grupo de especialistas que contribuíram com a reunião, também constavam: Júlia Rossetto (presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica – SBOP), Christiane Rolim de Moura (vice-presidente da SBOP), Maria Emília Xavier (professora da Residência e Pós-graduação do IAMSPE-HSPE de SP e UNIFESP), Luís Fernando Teixeira (médico responsável pelo Setor de Oncologia Ocular do Instituto de Oncologia Pediátrica da UNIFESP), Nilva Simeren Bueno de Moraes Ambrogini (professora da UNIFESP e médica do Serviço de Retina do Hospital São Paulo), Andrea Araújo Zin (coordenadora de Pesquisa da IFF/Fiocruz), Carla Renata Macedo (vice-diretora Clínica do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer - GRAACC/IOP/UNIFESP) e Renata Belém o Seixas (vice-presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal).
Também contribuíram com os debates vários membros da Câmara Técnica de Oftalmologia do CFM, como os médicos Fernando Cesar Abib, Tânia Mara Cunha Schaefer, Isabela Maria Isoldi de Morais, Andrea Araújo Zin, Antônio Francisco Pimenta Motta, José Maria do Amaral Filho, Nazareno Bertino Vasconcelos Barreto, Alípio de Sousa Neto e Rodrigo Pascoal Azevedo. (Com informações do CFM)
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