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Ceratite microbiana: doença ocular que pode levar à cegueira

Ceratite microbiana: doença ocular que pode levar à cegueira

Por Márcia Asevedo

Quando os olhos apresentarem vermelhidão, dor intensa e sensação de cisco, não arrisque o diagnóstico, e tampouco faça uso de qualquer medicamento por conta própria, porque esses são os sintomas de ceratite microbiana. Embora esse problema ocular tenha cura, o diagnóstico e tratamento quando realizados precocemente são fundamentais para o restabelecimento do olho afetado.

A ceratite microbiana é uma inflamação da córnea, a porção externa dos olhos, comparada ao vidro de um relógio, de natureza infecciosa, considerada urgência oftalmológica, em função do risco de perda visual. A parte do olho afetada pela doença funciona como barreira protetora da superfície ocular. Segundo Regina Norma, médica oftalmologista, as ceratites infecciosas são graves, podendo piorar rapidamente e, se não forem tratadas, têm risco de perfuração e de se estender para outras áreas do olho, levando à queda importante da capacidade visual e até à cegueira.

Os principais agentes causadores das ceratites infecciosas são bactérias, podendo ser causadas também por vírus, amebas e fungos. O contágio por esses microorganismos está relacionado a traumas, uso de lentes de contato ou doenças e cirurgias oftalmológicas. No caso de trauma ocular com plantas, comum em jardineiros/lavradores ou pessoas em momentos de lazer em parques, o risco de ceratite causada por fungos aumenta. Usuários de lentes de contato que não higienizam as lentes e o estojo de maneira adequada (utilizam soro fisiológico, não usam produtos específicos para a higiene das lentes e levam as lentes em água de torneira) ou dormem com as lentes têm risco maior de infecção por bactérias e amebas. Cirurgias oculares e traumas podem levar à infecção ocular, especialmente se não houver uso adequado de colírios.

Mesmo estando bem informado sobre os sinais e sintomas da ceratite microbiana, é importante a consulta com o especialista, porque existem outras formas da doença que não são infecciosas; para cada caso há um tratamento específico. Outros tipos de ceratite são: por traumas, alergias, neurológica ou de causa desconhecida, a ceratite de Thygeson.  

Segundo Regina, a ceratite traumática pode ser decorrente de agressões externas, por exemplo, o contato acidental com substâncias tóxicas (ex: produtos de limpeza) ou quadros de alergia. Quando os olhos ficam expostos de forma desprotegida e prolongada à luz ultravioleta, comum em praia, neve, bronzeamento artificial, também pode haver agressão à córnea. “Expor a córnea a paralisias faciais ou doenças palpebrais que levem à exposição ocular, seja por dificuldade de piscar ou de fechar os olhos ao dormir, também podem machuca-la. O olho seco, síndrome de Sjögren e doenças reumáticas também podem leva a alterações na superfície ocular”, alerta a médica.

Cuidados que devem ser tomados para evitar a infecção

 

  1. Lavar sempre as mãos;

  2. Evitar coçar os olhos;

  3. Higienizar diariamente os cílios;

  4. Limpar adequada e regularmente as lentes de contato;

  5. Usar colírios no pós-operatório.

 

Mais informações sobre o diagnóstico

O diagnóstico da ceratite é feito no consultório do oftalmologista, baseado na queixa e exame realizado com luz especial e lentes de aumento. A história clínica e achados do exame vão ajudar a diferenciar ceratites infecciosas das outras causas e, geralmente dependem de exames complementares. Na suspeita de ceratite infecciosa, é necessário um exame de cultura de raspado da córnea para identificação do agente causador. Regina alerta que em alguns casos pode ser necessário fazer uma biópsia da córnea ou exame específico para pesquisa de cistos (ameba). Sendo importante diferenciar ceratite de origem bacteriana de inflamações provocadas por outros patógenos importantes, como o protozoário Acanthamoeba e o vírus Herpes Simplex, pois o tratamento e a evolução são diferentes. Os resultados da investigação inicial podem levar o médico a pedir também exames laboratoriais para pesquisar o possível envolvimento do quadro com doenças autoimunes – são aquelas em que o sistema imunológico afeta o organismo do próprio paciente.

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