A padroeira dos oftalmologistas, Santa Luzia, viveu em Siracusa, Itália, aparentemente entre os anos 281 e 303 ou 304 da nossa era. Embora seja bastante venerada, principalmente na Itália e em Portugal, existem poucas notícias históricas realmente comprovadas a seu respeito e as lendas se misturam com a provável realidade de seu martírio.
Filha de pais pagãos, segundo alguns e de pais cristãos segundo outros, Luzia consagrou sua virgindade e sua virtude a Deus, mas seus pais a prometeram em casamento a um jovem pagão que, segundo todas as versões, amava a moça.
Entretanto, Luzia negou-se a casar-se. Algumas versões de sua vida contavam que nesta época sua mãe adoeceu gravemente, sem qualquer esperança de salvação e Luzia, para ganhar tempo, propôs uma peregrinação das duas ao túmulo de Santa Águeda, em Catania, atual Calábria (Itália). Quando estava recolhida em orações, Luzia teve uma visão onde a própria Santa Águeda garantiu-lhe que sua fé havia salvado sua mãe e que Deus havia recebido de bom grado a consagração de sua virtude. A mãe de Luzia teria, então, milagrosamente, sarado do mal que padecia.
Quando finalmente a hora do casamento se aproximava, Luzia distribuiu todos os seus bens aos pobres, fez sua profissão de fé cristã e negou-se terminantemente a coabitar com o jovem a quem tinha sido prometida. Este, cheio de ira, denunciou-a ao governador de Siracusa, um certo pacacio, que mandou prendê-la por negar-se a casar e por ser cristã, naquela época algo perigoso para as autoridades romanas.
Diante dos juízes, Luzia reafirma sua fé cristã e sua negativa de casar-se, o que lhe valeu a condenação à morte sob as maiores torturas. Aparentemente ela teria sido degolada, enquanto outras crônicas afirmam que ela foi apunhalada e depois queimada, não faltando, entretanto, aqueles que dizem que seus olhos foram arrancados durante as torturas.
Sua morte ocorreu em 13 de dezembro, dia que lhe é dedicado no calendário litúrgico. Para os católicos ela é invocada contra as doenças dos olhos. Existem duas explicações para isso: a primeira vem de seu nome, que em Latim quer dizer “Luz” e a segunda do fato de que em alguns relatos seus olhos teriam sido arrancados durante o martírio.
Texto extraído do Jornal Oftalmológico Jota Zero, edição número 33 de novembro de 1992
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